A Polícia Civil de Valinhos (a 85 km de São Paulo) informou na tarde de hoje que não há inquérito aberto para apurar o caso do homem flagrado em um vídeo xingando um motoboy que presta serviços ao aplicativo iFood.
O vídeo que mostra uma parte da discussão do contabilista Mateus Abreu Almeida Prado Couto, 31, com o entregador Matheus Pires, 19, viralizou hoje. O aplicativo expulsou o cliente de sua plataforma, e se colocou à disposição do jovem.
O flagrante foi feito por um vizinho que foi defender Matheus, e mostra o agressor xingando o entregador após um problema no interfone e o consequente atraso da entrega dele.
Segundo o delegado Luís Henrique Apocalipse Joia, após o registro do boletim de ocorrência, o inquérito não foi levado adiante. "Nós precisamos de uma representação da vítima para que isso possa acontecer", afirmou em entrevista coletiva.
O UOL tentou falar com Matheus Pires para saber se ele vai entrar com representação contra o agressor, mas não teve resposta até a publicação deste texto. Alguns advogados entraram em contato com o rapaz para oferecer assessoria jurídica.
Tratamento médico
Após o ocorrido, a família de Mateus Couto argumentou que o homem sofre de esquizofrenia. O pai dele apresentou à Polícia Civil um laudo que comprovaria que ele faz tratamento médico, e pediu "compreensão" devido ao estado de saúde. Levado à delegacia no dia das ofensas, foi liberado para responder ao crime de injúria racial em liberdade.
Durante à tarde, o aplicativo iFood, em publicação no Twitter, informou que Mateus Abreu Almeida Prado Couto foi descadastrado, e a empresa vai oferecer apoio jurídico e psicológico a Matheus Pires.
"Racismo é crime. Nós condenamos qualquer forma de preconceito e discriminação, por isso nos solidarizamos com entregador Matheus", informou a publicação.
Com a repercussão do caso, diversas entidades de apoio a motoboys e ao fim do racismo enviaram mensagens ao jovem, oferecendo vários apoios, até em âmbito legal.
Outros entregadores que prestam serviços a aplicativos de entregas fizeram protestos hoje em frente à delegacia e ao condomínio onde Couto mora, no bairro Chácaras Silvania, pedindo uma conclusão para o caso.
Segundo Pires, ele já havia sido xingado na primeira vez em que fez entrega para o mesmo cliente. "Eu não tinha encontrado o endereço dele, porque o mapa me mandou para um local errado. Quando cheguei ele me xingou, e disse para ele não fazer mais isso", afirmou.