Vamos celebrar o talento destas mulheres que têm muita história para contar
(Camilla Loureiro/MdeMulher)
1. Maria Firmina dos Reis
A primeira romancista negra brasileira, nascida em 1825. E um dos primeiros livros publicados por uma mulher no Brasil foi Úrsula, de sua autoria. Além disso, também reforçou sua posição antiescravista – já que ela ajudou a compor o hino da Abolição – em A Escrava, sendo ainda um ícone como a criadora da primeira escola mista e gratuita do estado do Maranhão.
Nascida em 1917, Carolina era uma moradora da favela do Canindé, na região norte de São Paulo, trabalhava como catadora e registrava seu cotidiano nas folhas encontradas no lixo. Descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, publicou seu primeiro livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada em 1960, contando com mais de 100 mil exemplares vendidos, traduções para 13 idiomas e vendido em mais de 40 países.
Aliás, se quiser conferir uma parte das obras da autora, o Museu Afro Brasil disponibiliza gratuitamente o download de algumas delas.
3. Elizandra Souza
A criadora do fanzine Mjiba sempre adorou escrever. Mulher, negra, da periferia da zona sul de São Paulo e poetisa são só alguns detalhes das mil e uma faces de Elizandra. Em 2012, a jornalista lançou seu segundo livro Águas de Cabaça, uma referência ao candomblé, religião de origem africana.
4. Jenyffer Nascimento
Assim como Elizandra, Jenyffer já havia publicado alguns de seus poemas no Mjiba, trazendo maior poder para as vozes femininas negras das periferias. Em Terra Fértil, sua primeira obra autoral, ela trata com paixão temas como o amor, racismo, identidade, negritude e machismo, por exemplo.
5. Jarid Arraes
A força de Jarid se traduz, também, na sua forma de expressão: a belíssima literatura de cordel. A diferença é que em sua obra Lendas de Dandara, a autora aborda temas mais atuais, como as questões de gênero, o racismo, sexualidade e histórias de grandes mulheres negras no Brasil.
6. Ana Maria Gonçalves
O livro Um Defeito de Cor conta a história de uma menina nascida no Daomé (Benin), capturada como escrava aos oito anos e sua trajetória até a terra natal como mulher livre. Por essa publicação, Ana Maria recebeu o Prêmio Casa de Las Americas na categoria de literatura brasileira.
7. Conceição Evaristo
A história de Conceição começa lá em Belo Horizonte, na favela Pendurada Saia, com mais nove irmãos. Do que ouviu e viveu ali, ela transformou a inspiração em forma de sobrevivência, com contos que conquistaram o Prêmio Jabuti em 2015, em Olhos D’Água.
8. Alzira Rufino
Foi a primeira mulher a ter seu depoimento gravado no Museu de Literatura Mário de Andrade, participou de uma feira feminista do livro no Canadá, em 1988, e ainda tem textos publicados em jornais e revistas de vários países do mundo. Aliás, em 1988 ela lançou seu Eu, mulher negra, resisto, um livro de poesia. Além de escritora, é também ativista pioneira sobre a violência contra a mulher negra na Baixada Santista, em São Paulo.
9. Geni Guimarães
Lá em Barra Bonita, no interior paulista, Geni publicava seus poemas nos jornais da cidade, mas só foi publicar o primeiro livro em 1979, o Terceiro Filho. A partir dos anos 80, a autora passou a ser ativista da militância negra, que resultou no fantástico A Cor da Ternura, novela que recebeu o Prêmio Adolfo Aisen, em 1989.
10. Miriam Alves
Pense em uma mulher com talentos infinitos: Miriam é poeta, dramaturga e prosadora brasileira, tem cinco livros publicados, incluindo o Mulher Mat(r)iz (2011), foi escritora visitante na Universidade do Novo México e palestrou pelos Estados Unidos sobre a literatura afrobrasileira e feminina.
11. Lia Vieira
O pseudônimo da autora Eliana Vieiratambém aparece em publicações como o Cadernos Negros, sempre tratando a realidade das mulheres negras com muita astúcia. Com nove contos, seu Só As Mulheres Sangram colocam em cena um panorama frequentemente excluído da literatura brasileira: a da mulher negra. Ah, e tem prefácio de Miriam Alves!
12. Cristiane Sobral
Foi a primeira atriz negra graduada em Interpretação Teatral pela Universidade de Brasília, mas estreou como poeta publicando seus textos no Cadernos Negros, em 2000. Dez anos depois veio sua primeira obra autoral Não Vou Mais Lavar os Pratos, atualmente na segunda edição.
13. Bianca Santana
Autora de Quando Me Descobri Negra, Bianca traz contos singelos, mas que retratam bem a realidade da identidade negra no Brasil. Além disso, também é professora na Faculdade Cásper Líbero e mantém um blog com seus textos.
14. Cidinha da Silva
Em Sobre-viventes!, Cidinha explora com humor e acidez as situações do cotidiano, principalmente baseadas em construções sociais sexistas, racistas e homofóbicas. Com um currículo e trajetória impecáveis, a escritora é um dos maiores nomes femininos e negro na literatura brasileira.
15. Esmeralda Ribeiro
A jornalista paulistana é uma das coordenadoras do Quilombhoje Literatura, o grupo responsável por publicações como o Cadernos Negros. Ela também tem seu próprio livro de contos, o Malungo e Milongas (1988), que ficou bastante famoso nas traduções para a língua inglesa.
16. Mel Duarte
Já ouviu falar de batalha de poesias? Pois é, a slammer de 27 anos é uma das responsáveis por popularizar a ideia por São Paulo. Tem textos publicados em mais de 10 antologias, além de duas obras próprias: Fragmentos Dispersos (2013) e Negra Nua Crua (2016).
17. Nina Rizzi
Historiadora, poeta e tradutora brasileira: essa é Nina Rizzi, a autora de A Duração do Deserto. Seus poemas são tão cativantes que serviram de base para o curta Noturno, de Carito Cavalcanti e Joca Soares.
18. Luz Ribeiro
Assim como Mel Duarte, Luz é adepta do slam de poesias. Palavras fortes, cantadas, soletradas e ritmadas contam histórias, relatos e retratos de uma mulher negra. Além das rimas, seu primeiro livro Eterno Contínuo, lançado em 2013, pode ser encomendado diretamente com a autora em suas redes sociais.
19. Ana Paula Maia
Para quem gosta do estilo das novelas – e não Avenida Brasil ou Mulheres Apaixonadas -, a literatura de Ana Paula é riquíssima. Autora da trilogia A Saga dos Brutos, ela conta ainda com sete obras publicadas no exterior.
20. Reimy Solange Chagas
Psicóloga clínica e social, escritora, mestre e doutoranda, Reimy discursa e problematiza sobre as famílias negras na contemporaneidade. As construções sociais, questões econômicas e históricas podem influenciar na dinâmica de cada uma delas – e a autora apresenta os pontos com intrínseca análise.
21. Kiusam de Oliveira
Como dizem por aí, Kiusam é uma artista multimídia, arte-educadora, bailarina, coreógrafa e contadora de histórias. É, ainda, especialista nas temáticas de relações étnico-raciais, de gênero, da corporeidade e do candomblé de ketu – claro que também é ativista há 30 anos. Em O Mundo No Black Power de Tayó, explora a identidade negra na perspectiva de Tayó, uma menina de seis anos – é ótimo para ler com as crianças!
22. Maria Gal Quaresma
Mais conhecida como Maria Gal, a baiana é bailarina e atriz, tendo formado a companhia de teatro Os Crespos, formada apenas por atores negros. Apesar de ter participado de Jóia Rara, ela tem uma longa carreira no teatro, tanto como produtora quanto escritora – sem contar seu livro A Princesa e a Bolha de Sabão, que fala sobre bullying e o racismo entre as crianças.
23. Roberta Estrela D’alva
Mais uma slammer maravilhosa para a nossa lista! Roberta é de tudo um pouco, com mistura de poesia e música. Em 2014, publicou o Teatro Hip-Hop, a performance poética do ator-MC, a perfeita combinação do estilo musical com a arte cênica.
24. Lélia Gonzalez
Um ícone, uma musa, uma deusa. Lélia não só era uma escritora fantástica, mas também uma intelectual, política, professora e antropóloga brasileira nas décadas de 60 a 80. Dentre seus feitos está a participação na fundação do Olodum (aquele mesmo que você lembra das músicas), uma ONG voltada para o movimento negro brasileiro. Seu livro de 1987, o Festas Populares no Brasil, é um dos maiores clássicos da literatura negra – e brasileira como um todo.
25. Érica Peçanha
Dedica-se à produção cultural das periferias, a socióloga e escritora foca no que vem destes ambientes, em todas suas formas. A prova disso são suas duas publicações Vozes Marginais na Literatura (2009) e Polifonias Marginais (2015)
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