A dor é considerada hoje pela Organização Mundial de Saúde um problema crônico que pode gerar impactos de saúde, psicológicos e econômicos. Por conta disso, o Centro Integrado de Saúde Lineu Araújo, mantido pela Prefeitura de Teresina, abriu um ambulatório específico para pessoas com esse tipo de problema: a Clínica da Dor.
Trata-se do primeiro centro público de referência em dor de Teresina, que conta com um neurologista com especialização na área de dor, que realiza não apenas consultas, como também pequenos procedimentos como administração de medicamentos, agulhamento e aplicação de toxina botulínica (botox). “Antes a aplicação de toxina botulínica em pacientes neurológicos só era feita em locais como o CEIR e HU. Então, esta é mais um espaço para atender a população”, ressalta o neurologista João Segundo.
O objetivo do tratamento é melhorar os sintomas e a doença que causam a dor, evitar complicações, trazer uma melhoria na qualidade de vida e reinserir o paciente no seu trabalho e vida social. “A reclamação mais comum da neurologia é a chamada dor de cabeça, principalmente a enxaqueca, que é mais incapacitante. Atendemos também muitos casos de dor lombar, comum em quem faz trabalho pesado e também em quem trabalha por muitas horas sentado e não faz exercícios de alongamento”, explica o médico João Segundo.
O atendimento na Clínica da Dor é feito nos dias de segunda, quinta e sexta pela manhã e durante o dia todo nas quartas. O horário da tarde é reservado para a realização dos procedimentos.
Para ter acesso à Clínica da Dor, o paciente deve ter o atendimento inicial pelo médico da família, onde será avaliado se a dor é crônica e precisa do tratamento especializado. Em seguida, o paciente é encaminhado pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
O consultório atende uma média de 16 pessoas por dia. Uma das pacientes é Maria das Graças Pereira, que está em sua segunda consulta por problemas com dor de cabeça. A idosa, que reside no bairro Santa Maria da Codipi, diz que já observou melhoras e até em seu sono graças ao tratamento. “Estou muito bem, graças a Deus”, comemora.
A Fundação Municipal de Saúde informa que o próximo passo é ampliar o ambulatório da Clínica da Dor, com a inclusão de outras especialidades para que seja realizado um trabalho multidisciplinar. “O paciente de dor crônica precisa de um tratamento integrado, com acompanhamento psicológico, de reabilitação com fisioterapeuta e outros profissionais. Depois deve iniciar a prática de uma atividade física regular e seguir de forma saudável e com uma boa qualidade de vida”, diz o neurologista João Segundo.
Ele ressalta que a dor deixou de ser tratada como um sintoma e passou a considerada uma doença que envolve diversos aspectos. “Entre 10% a 14% das pessoas com dor crônica têm dor neuropática, que advém dos nervos ou do sistema nervoso central. Ela é de difícil controle e muitas vezes relacionada a uma polineuropatia diabética ou uma hérnia de disco que comprime um nervo”, exemplifica ele, citando ainda outras síndromes dolorosas que envolvem sistema osteomuscular, articular ou mesmo dor oncológica.
Segundo dados da OMS, a dor é um problema que atinge atualmente 42% da população mundial, com incidência de mais de 51% em idosos. Nos Estados Unidos se gasta em torno de 620 bilhões de dólares em dor anualmente, mais do que somatório de oncologia, doenças cardiovasculares e diabetes.
Fonte: FMS